sexta-feira, 16 de setembro de 2011

As mil e uma formas de financiar a sua empresa

Quem já não ouviu falar de crédito bancário; linha de crédito, leasing e factoring; bem comobusiness angels e capital de risco? Alguns destes financiamentos ainda estão pouco fomentados em Portugal, ao contrário do que acontece noutros países desenvolvidos, e o seu acesso por parte das empresas ainda é muito dificultado.

Consciente desta realidade, questionamos empresários e entidades bancárias acerca das ofertas de financiamento existentes em Portugal, bem como comparamos o que de melhor, e de pior, existe em alguns países europeus.

Quando resolve iniciar uma actividade ou financiar uma empresa já existente, o empresário tem duas grandes formas de o fazer: capitais próprios e capitais alheios. No caso da opção por capitais próprios, estes não têm qualquer contrapartida fixa de remuneração, isto é, pode ou não ser remunerado em função da rendibilidade gerada pela empresa. Na alternativa de recurso a capitais alheios, estes, logo à partida, têm uma remuneração mínima fixada e, em regra, possuem um esquema de reembolso previamente definido.

Enquanto no curto prazo, a própria banca disponibiliza uma panóplia de operações:descontos de letras, desconto de livranças, empréstimos de curto prazo, empréstimos em conta corrente, descoberto bancário, crédito por assinatura, crédito documentário,factoring, entre outros; já no que concerne ao um financiamento a médio e longo prazo a situação é muito mais complicada.

SetaTipos de financiamento

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Capital de risco

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A OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS: Financiamento PME - O que fazer?

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TESTEMUNHOS DOS ESPECIALISTAS: Os empresários

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A Versão da Banca

TIPOS DE FINANCIAMENTO

Crédito Bancário

Uma dívida financeira consiste na obtenção de um empréstimo junto de um credor, normalmente um banco, durante um período de tempo pré-determinado. Quando contrai uma dívida a empresas está, não só obrigada à restituição do capital emprestado, como também ao pagamento de juros, fixados com base numa taxa que é aplicada ao valor do empréstimo. Os empréstimos bancários podem ser de curto prazo (que implica a amortização da dívida até um ano após a contratação do empréstimo) ou de longo prazo (empréstimos por um período superior a um ano). As instituições bancárias tendem a preferir empresas com experiência ou negócio, cujas equipas de gestão mantenham boas relações com a instituição e que apresentem planos de negócio que demonstrem capacidade para cumprir o serviço da dívida.

Normalmente, o crédito bancário é uma forma de financiamento adequada no caso da empresa estar moderadamente endividada e com boa capacidade de gerar cash flows. Empresários com negócios nestas condições podem recorrer a empréstimos bancários para financiarem as suas operações e programas de expansão com condições muito vantajosas sem cederem parte do controlo da empresa. Como é natural, os bancos são mais receptivos e emprestarem dinheiro a empresas sólidas e já estabelecidas no mercado, do que a empresas emergentes. Assim, o financiamento bancário pode ser aconselhável nas seguintes condições:

  • Expansão de um negócio lucrativo;
  • Financiamento de uma grande aquisição (equipamentos, instalações, etc.);
  • Quando o cash flow da empresa é forte e seguro

Ao contrário, o recurso ao financiamento bancário não é aconselhável quando a empresa é demasiado jovem ou não lucrativa. Nestes casos, terá muitas dificuldades para obter financiamento, pois a relação riscos versus retorno de um empresário é desinteressante na óptica do banco. Além disso, mesmo que consiga obter o desejado empréstimo devido ao seu historial de crédito muito positivo, deverão ser-lhe exigidas garantias pessoais que poderão ser incomportáveis, assim como juros demasiado elevados.

Linha de crédito, leasing, factoring

As possibilidades de financiamento através de empréstimos financeiros não se esgotam no empréstimo bancário clássico.

As linhas de crédito são uma forma de empréstimo bancário flexível, orientado para o curto prazo, em que a instituição credora confere à empresa o direito de, dentro de um plafond previamente acordado, retirar fundos consoante as suas necessidades de tesouraria. As linhas de crédito são especialmente indicadas para fazer face a insuficiências temporárias e previsíveis de tesouraria (frequentes, por exemplo, em negócios sazonais) ou para prevenir o aparecimento de rupturas inesperadas.

O factoring é igualmente um instrumento de gestão de tesouraria, ou seja, de cobertura das necessidades de curto prazo. O contrato de factoring consiste na cedência dos créditos da empresa a uma sociedade especializada que se responsabilizará pela cobrança desse crédito. A factoring adianta uma parcela do valor desse crédito à empresa, recebendo em troca uma comissão. Este método tem a vantagem da empresa poder realizar os seus créditos sem estar dependente do prazo de pagamento dos clientes. Tem a desvantagem do custo associado, que reduz a rentabilidade das vendas.

O leasing é um instrumento de financiamento ao qual a empresa pode recorrer quando não pretende afectar grandes quantidades de capital para ter acesso a um determinado bem (normalmente tratam-se de bens de equipamento). Num contrato leasing, o proprietário do equipamento (o locador) autoriza o utilizador (o locatário) a dispor do equipamento em troca de pagamentos periódicos, que incluem capital e juros. Findo o prazo de vigência do contrato, o locador pode adquirir o equipamento objecto do contrato, mediante o pagamento de um valor residual pré-estabelecido. Ao diferir os pagamentos, a empresa consegue garantir uma maior liquidez. No entanto, tem a desvantagem de não ser proprietária do equipamento, tendo por isso que indemnizar a locadora no caso de surgir algum acidente com o equipamento da sua responsabilidade.

Este tipo de financiamento é sobretudo aconselhável para a aquisição de equipamentos que não são estratégicos para a sua empresa, ou apenas serão utilizados por um período de tempo limitado. Um exemplo típico, são os automóveis ao serviço da empresa, que tendem a ser adquiridos em sistema de leasing.

Business angels e capital de risco

Finalmente, temos o financiamento por capital, que consiste na troca de dinheiro por uma parcela do capital e, como tal, de uma parte do controlo da empresa. Numa primeira fase, o empreendedor, face à carência de fundos próprios e aos problemas decorrentes do crédito, pode recorrer a investidores privados, sejam eles família, amigos ou business angels. Estes últimos – normalmente empreendedores que vendem o seu negócio ficando com dinheiro disponível – podem ser uma ajuda preciosa com a sua experiência e know how na gestão de pequenos negócios.

Tipicamente, os business angels cedem capital a empresa emergentes, cuja dimensão é ainda muito pequena para atraírem capital de risco. Por outro lado, tendem a assumir um papel de grande colaboração com o empresário, contribuindo com a sua experiência. Então, o recurso aos business angels é aconselhável nas seguintes situações:

  • Os montantes de financiamento envolvidos são pequenos e a empresa é recente;
  • No caso de o empreendedor ter um ou mais amigos com capacidade financeira que acreditam nele e, por isso, estão disponíveis para investirem no projecto.
  • O empreendedor está disponível para aceitar investidores que tenham um interesse pessoal no seu negócio, mas não quer que a gestão seja influenciada por estranhos.

Ainda em termos de financiamento de capital, temos o capital de risco. As sociedades ou fundos de capital de risco tomam participações normalmente minoritárias e temporárias (3 a 7 anos) no capital da empresa. Trata-se de uma forma de financiamento interessante, na medida em que o empreendedor não só assegura os fundos necessários, como garante um parceiro de capital que irá partilhar o risco com o empresário. Uma vez que o retorno do investidor de capital de risco é a saída do negócio, cabe ao empreendedor explicar como irá garantir uma saída em condições vantajosas.

O recurso ao financiamento via capital de risco só está ao alcance de negócios que apresentem potencial de crescimento ou um elevado retorno de investimento esperado. Esta forma de financiamento é adequada nas seguintes condições:

  • O empreendedor possui uma ideia e uma tecnologia excepcionais, que lhe permitiram (ou permitirão) conquistar uma base de clientes de elevado potencial.
  • O empreendedor está disponível para partilhar o controlo da empresa com terceiros.
  • A empresa está numa fase pré-IPO, isto é, pretende distribuir parte do seu capital em bolsa num futuro próximo, o que implica necessidades extra de capital.

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