quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Económico deixa-lhe algumas dicas para o ajudar na difícil escolha que é optar por um curso para a vida.


Um dos conselhos dos especialistas aos estudantes é que explorem bem as possibilidades dos cursos antes de escolher.

Um dos conselhos dos especialistas aos estudantes é que explorem bem as possibilidades dos cursos antes de escolher.

Nem sempre é fácil escolher o curso quando chega a hora de ir para a faculdade. Afinal de contas, ao escolher o curso pode estar também a decidir qual a profissão que o vai acompanhar toda a vida. O que fazer quando o conselho dos pais é para seguir um curso com saídas profissionais e a paixão o "puxa" para outro lado?

A primeira coisa a fazer, se tem dúvidas, é procurar aconselhamento seja junto dos pais, amigos, professores, seja quem for. "Às vezes uma conversa com alguém que o ajude a pensar faz toda a diferença. Alguém que lhe vai abrir perspectivas futuras", afirma José Bancaleiro, ‘managing partner' da ‘executive search' Stanton Chase International em Portugal.

Na base desta escolha, no entanto, mais do que os conselhos, estão os gostos, interesses e capacidades pessoais. "Escolher um curso implica sempre a conjugação de várias dimensões, nomeadamente dimensões pessoais, que têm a ver com aptidões e valores", diz Ana Cristina Silva, professora de Psicologia no Instituto de Psicologia Aplicada (ISPA).

Porém, a escolha não pode basear-se apenas na paixão. É importante olhar para o mercado e perceber que perspectivas de emprego se abrem. "Ou se tem prazer no que se faz ou é penoso uma vida toda. Mas tem de se escolher com algum bom senso. A escolha de um curso deve ser feita no cruzamento do que a pessoa gosta com as oportunidades que o mercado vai trazer", frisa José Bancaleiro.

Profissões de futuro
"Há áreas em desenvolvimento e áreas a desaparecer", acrescenta o ‘managing partner' da Stanton Chase . "Já se sabe que os médicos e engenheiros informáticos não ficam no desemprego", exemplifica. Áreas como Ambiente, Saúde, Turismo e Informática são áreas de futuro. Já nas ciências sociais, é certo que há mais cursos com maior número de diplomados no desemprego.

"No entanto, há cursos que não têm uma empregabilidade directa mas que dão acesso a outro tipo de carreiras. Quando se acaba um curso de Direito, por exemplo, há várias profissões a que se pode aceder", sublinha Ana Cristina Silva. "Não quer dizer que aquele curso corresponda imediatamente a um emprego, mas pode proporcionar instrumentos de adaptabilidade ao mercado de trabalho", refere ainda a psicóloga.

Por outro lado, "se formos única e exclusivamente pelo critério de empregabilidade, essa é uma variável muito complexa. Aquilo que é a empregabilidade hoje pode mudar rapidamente. Há dez anos, ser técnico informático era emprego garantido, hoje nem por isso", acrescenta a psicóloga e professora do ISPA.

Depois do aconselhamento, segue-se um processo de recolha de informação sobre o curso escolhido nas várias universidades. É preciso ter "um conhecimento dos currículos, que é uma coisa que os alunos exploram pouco", diz ainda Ana Cristina Silva. Até porque, muitas vezes, "há um processo de idealização dos cursos, o que é natural nos jovens".

Além de recolher informação sobre os cursos e os currículos, é importante ir conhecer a profissão que se quer seguir. Contactar directamente com profissionais, ver ‘sites' e ler as descrições das profissões e não se basear no que se ouve dizer ou na imagem que a profissão tem, que, mais uma vez, passa muitas vezes por um processo de idealização.

José Bancaleiro chama a atenção para outro aspecto: "é importante os jovens terem a noção que vão viver num mundo onde o mercado de trabalho não é português, é internacional". E que em muitas profissões é lá fora que estão as oportunidades de trabalho, como engenharia civil e até arquitectura, adianta o responsável de recursos humanos.

É preciso também ter em conta que a licenciatura, hoje em dia, é apenas um de muitos cursos que se vai fazer na vida. Porque o tempo em que se acabava o curso e se deixava a escola para sempre, já terminou. Actualmente, é preciso "reciclar" e adquirir novas competências se se quer continuar competitivo no mercado de trabalho.

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